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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
Estudante, professor e agente da História de seu tempo. Deformado pela Universidade Federal Fluminense, pela capacidade de resiliência em torno de causas justas, pela coragem e pela sinceridade. Dinâmico, espiritualista, intuitivo, libertário, imprevisível. A leitura de seus textos é recomendada a quem faz uso de covardias.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Aventuras de Magistério


         Sempre quis ser professor. Quando pequeno, já me imaginava neste sentido. Tinha um pequeno quadro negro em casa, roubava giz do colégio em que eu estudava e ficava escrevendo para mim mesmo e apagando diversas vezes. Fascinado por leitura e por escrita, a dúvida quanto à carreira só aconteceu em três momentos: no vestibular, durante a própria faculdade de História e recentemente, quando resolvi experimentar outras profissões. Nada que me impedisse, entre idas e vindas, de exercer o magistério de diversas formas diferentes, de ir longe e constituir uma metodologia didática própria, inspirada em Paulo Freire e nos princípios libertários das Artes Cênicas para o ensino de História e de Educação Ambiental.O que não suporto ouvir é esta excessiva culpabilização do professor pelas deficiências do sistema educacional brasileiro.

Entre 2000 e 2010, portanto durante dez anos cheios, trabalhei em escolas particulares de Niterói (Colégio Fundamental/Instituto Santo Amaro e Colégio Pluz, ambos na Região Oceânica da cidade) e de Maricá (Centro Educacional de Itaipuaçu), em ONG que fundei e, nesta, em rádio comunitária vinculada (com programa que tratava de História via FM), em palestras para professores do interior do Estado do RJ através do CREA-RJ e da FETEERJ em momentos distintos, em escola pública municipal do interior de MG (Escola Municipal Álvaro Benfica), em cursinhos preparatórios (como o que narrei em outro post, o preparatório para o concurso público municipal de Bocaina de Minas, na Escola Municipal Mariana Francisca de Jesus, situada na comunidade de Santo Antônio do Rio Grande), em casa (diversas aulas particulares) e, por último, em escola estadual do RJ (Colégio Estadual Antônio Quirino, na comunidade de Visconde de Mauá – Resende/RJ), na condição de servidor cedido pelo munícipio de Bocaina de Minas (MG).

Tudo isso, sem contar com o fato de ter me tornado diretor do Sindicato (SINPRO Niterói e Região), eleito pela categoria dos professores em escolas particulares de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá (RJ) e, através deste, para a FETEERJ (Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privados do Estado do Rio de Janeiro), ocasiões em desenvolvi um amplo projeto de comunicação sindical entre 2004 e 2007.

Portanto, lecionei História, além de outras disciplinas, sem diploma de graduação durante todo esse tempo para turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, para o Ensino Médio, para o EJA, para cursos preparatórios pré-vestibulares e de encaminhamento para concurso público, sendo que, neste último caso, incluo no rol das aventuras o ensino de Português, de Matemática, de Informática e de Direito para concurseiros de nível elementar, fundamental e médio.

Para professores de educação básica, através do CREA-RJ e da FETEERJ, ministrei oficinas de atualização principalmente na área de educação sócio-ambiental (convergência entre o ensino de História da Humanidade e do Planeta Terra, direcionando ambos para formação da consciência ambiental) entre professores da rede particular de educação básica. No período em que fui assessor de meio ambiente da presidência do CREA-RJ, uma das minhas principais funções era esta, sempre incumbido de colaborar com a organização e o desenvolvimento de centros de referência do Movimento de Cidadania Pelas Águas, iniciativa ambientalista do ex-presidente do conselho de engenheiros, o Sr. José Chacon de Assis. Atuei com estas oficinas em Ilha Grande, Paraty, Niterói, Cabo Frio e município do Rio de Janeiro.  Por este mérito, tempos depois, antes mesmo de me tornar diretor da FETEERJ, fui convidado pela diretoria colegiada de então para o mesmo serviço em Mesquita, Angra dos Reis, Cabo Frio e Niterói.

Como se pode observar, a experiência acumulada foi diversificada e rica, ao ponto de ter uma noção empírica de educação que me distanciou da academia por muito tempo. No início, o sonho de ser professor, a ansiedade e estas divergências foram decisivas para que eu buscasse todas essas frentes de trabalho, observando em cada uma delas, as brechas de um sistema educacional extremamente precário como é o brasileiro. Situo tanto a rede pública quanto a rede privada nesta crítica e pontuo que a rede privada piorou muito dos tempos em que fui seu estudante (anos 80 e 90) para cá, o que constitui verdadeiro estelionato educacional, caro e custeado essencialmente pela enganada classe média, sob o pretexto de oferecer educação de melhor qualidade aos seus filhos que aquela oferecida pela rede pública. Sairia mais barato e de melhor resultado que todos fossem para a rede pública lutar por ela.

Este é um ponto. O outro foi que este mesmo sistema precário, estabelecido pela insegurança torpe de uma elite que se apavora em perder com a concorrência dos grandes talentos, aqueles possivelmente advindos de jovens bem formados, mas não necessariamente bem-nascidos, foi o que me deu acesso e me possibilitou desenvolver um trabalho ainda que sem diploma. As escolas privadas sempre adoraram universitários idealistas, loucos para demonstrar suas capacidades e sonhos, que aceitassem qualquer pagamento ou nada em troca dos serviços de magistério. Estagiários têm mais disposição porque são novatos na área e geralmente assumem turmas como se professores já o fossem. O mais triste desta história toda foi verificar que acabam recebendo a mesma miséria que graduados, pós-graduados, mestres e doutores, ou, pior que isso, também sofrem calotes homéricos em seus direitos trabalhistas, tudo em pé de igualdade.

As escolas públicas são diferentes quanto ao regime de contratação mas, dependendo do município em que estão inseridas, são vítimas da ingerência política local da mesma forma. Municípios são o ente federativo legalmente responsável pela educação infantil e pelo ensino fundamental públicos do país. Direções de escola são indicações políticas na maioria dos casos. E professores também. Muitos são contratados temporariamente e de acordo com o voto dado ao prefeito ou ao vereador, raríssimos são os casos em que a formação é o critério. Não há concursos públicos ou, quando existem, são forjados, manipulados e, uma vez que contem com a lisura necessária, seus beneficiados (aprovados e classificados por mérito) são insistentemente perseguidos. Os mesmos que defendem a meritocracia para pagamento diferenciado do professor pela sua suposta qualidade, muitas vezes, eliminam a meritocracia na raiz, perseguindo concursados não alinhados politicamente. Às vezes criam-lhes sabotagens e acusações levianas de caráter individual; outras vezes, quando a intenção é a perseguição coletiva da categoria, simplesmente asfixiam os professores concursados pelo salário medíocre sem reajuste. Para alguns, oferecem benefícios de cargos comissionados, dividem a classe e contam, para tal, com o apoio de professores resignados, bem casados ou que vivam de outras fontes que não o magistério.

No Estado do RJ, sendo o Poder Executivo Estadual o responsável legalmente pelo ensino médio público, o governador Sérgio Cabral (PMDB) chegou a reajustar para R$5.000,00 (cinco mil reais) mensais os salários dos diretores de escola, indicados por ele ou por deputados estaduais, mas se recusa a aumentar decentemente os salários miseráveis dos professores em geral, cuja média não ultrapassa setecentos e poucos reais. Chega a ser vergonhoso para um Estado que cada vez mais arrecada impostos diretos e suga royalties e repasses cada vez maiores em função das crescentes atividades econômicas desenvolvidas no RJ. Justamente em um Estado onde a Educação Pública faria total diferença, uma vez que os índices de criminalidade são alarmantes e a mão-de-obra qualificada é escassa, o governador demonstra sua incapacidade de superação da condição cultural aristocrática/monárquica da elite brasileira que, se capitalista de fato o fosse como apregoa, não temeria tanto ou não faria tanto descaso com os investimentos em educação pública e gratuita.

Mas voltando ao meu caso, enquanto professor, independente dos medíocres ganhos financeiros, busquei fazer dos acessos observados nas brechas do sistema verdadeiras oportunidades de revoluções no cotidiano. De fato, durante o vestibular, havia uma dúvida entre cursar Jornalismo ou História. Acabei optando por História quando senti que a minha vocação não era apenas a de ser professor mas também a de transformar positivamente a cultura e os costumes de nosso povo. Julguei àquela época que as disparidades salariais eram o de menos e como tal, fui jovem inconsequente com o meu próprio sustento. Convicto, porém, que de sonhos os homens se sustentam ao máximo, enquanto que, de matéria, se rebaixam e se menosprezam, fui cursar História. Teria um público na mão garantido e sem censuras patronais para informar.

Minha família rachou com a notícia. Meu pai nunca se conformou com uma opção profissional que menosprezasse as condições objetivas de sobrevivência. Minha mãe me apoiou mas também ficou preocupada. A universidade me libertou de diversas paranóias e limites culturais, possibilitando-me o convívio com uma rica diferença de conhecimentos e de costumes. Paradoxalmente, viria a me decepcionar com a mesma faculdade que tanto batalhei para ingressar e me manter, menos pelo que ela já havia provocado em meu Ser e mais pelo que ela refutava a fazer com tamanhas armas nas mãos. Participei dela de tudo um pouco, do movimento estudantil, das iniciativas culturais, da administração, das festas, dos grupos de estudo, das aulas e dos acessos, enquanto súdito, à elite da província fluminense. Terminei num embate ideológico que me custou o diploma mas afirmou minha personalidade, meu caráter e minha trajetória existencial para o resto da vida.

Do lado de fora de seus muros, jurei ser o professor que me faltou. Seria atencioso, dedicado e capaz de um envolvimento pessoal atroz com a causa da libertação existencial de meus alunos. Não os perseguiria por motivos fúteis e os elevaria em suas respectivas capacidades críticas. Seria parceiro ao máximo de meus colegas, professores e funcionários, e dos pais que me retornassem uma preocupação mínima com os seus filhos. Faria minhas aulas as mais atrativas, procurando incluir e envolver no conhecimento histórico toda a riqueza da sabedoria popular, de seus jeitos e trejeitos, de suas soluções e tabus às maiores idiossincrasias dialéticas que só o cotidiano das relações revela e impõe.

O teatro sempre foi uma paixão e o desenvolvi a partir do elucidado por Paulo Freire, por Augusto Boal e por inspiradores anarquistas, adaptando-o à realidade das horas-aula, dos tempos corridos, das disputas de ego dos professores, da necessidade que os jovens têm de aparecer e de serem rebeldes e do perfil repressor de nossas instituições de ensino. Não foi tarefa fácil, não deu certo em todas as turmas e nem sempre foi bem recebido pelas direções. Mas foi exauridamente testado e trabalhado, tendo sido extremamente profícuo onde encontrou alguma receptividade. Associando o conteúdo de História trabalhado pelo professor ao texto e à composição de esquetes de forma autônoma pelos estudantes, fizemos verdadeiras revoluções no modo de agir e pensar de vários estudantes, professores, escolas e famílias. Concebia tudo a partir da máxima exploração da minha própria imagem, uma figura bem-humorada, caricata e excêntrica, professor-artista que muitas vezes incorporava personagens e poucas vezes lembrava do que ele próprio havia personificado em sala de aula.

Minhas habilidades sensitivas sempre foram um trunfo. Nunca consegui adaptar-me completamente aos planejamentos metódicos ensinados pelos professores universitários nas licenciaturas. Aqueles planejamentos que parecem ser a razão de ser da pedagogia nunca funcionaram comigo e todas as prestações prévias ou posteriores de informações técnicas a que somos submetidos por coordenadores, orientadores e diretores, via de regra sem remuneração por tal, sempre me pareceram intrigantes porque completamente desnecessárias. Pensava e planejava as minhas aulas no ônibus, a caminho da escola, no bar, no convívio social, durante leituras e observações. Quando as colocava em prática, sempre eram suscetíveis a mudanças ou modificações em função daquilo que me parecia mais apropriado para cada turma, para cada momento e para cada obstáculo cultural encontrado. Não acredito que seja diferente para boa parte dos professores mas passa a ser condenado violentamente pelos pedagogos e pelos colegas mais inseguros de uma maneira geral, que se sentem inferiorizados pela popularidade natural causada, e parecem não compreender que todo o controle efetivado por regras padronizadas de gestão tinham (e sempre terão) interesses políticos sub-reptícios, muitas vezes associados ao medo de setores da sociedade ao que possa ser construído nesta através de uma formação crítica, autônoma e qualificada.

No meio deste caldeirão, tive apoios significativos de alguns colegas, mesmo pedagogos, que me identificavam como “construtivista”, “maluco” ou “típico professor de História”. Indiferente às suas conceituações, procurava a identificação e o apoio, sempre consciente de que no jogo das relações humanas, é preciso ceder e é preciso se afirmar, cada qual no momento certo. O que não admitia, ou melhor, o que mais resistia a fazer era misturar, como é de praxe em nossa corrupção endêmica, as relações pessoais com as relações profissionais. Para ser bem claro e direto: não precisava levar pra cama quem eu quisesse que me respeitasse como profissional. Mas sofri tentativas de coerção neste e em outros sentidos, sabotagens e algumas leviandades que são próprias da nossa constituição social histórica.

Quando chegava a enfrentamentos do tipo, recorria – pois ficava tão claro aos alunos, não adiantava negar – aos próprios que me baseavam o sentido profissional. Sempre que deixei escolas por este motivo – a coerção por inveja, a sabotagem muito comum entre professores, a tentativa de plantar falsas acusações, a desmoralização -, contei com o apoio da Verdade, soberana e poderosa, de causar revoltas a quem conhecia meus ideais e princípios. Logo, sempre que convidado a me retirar, nunca o fui por justa causa e sempre fui indenizado com todos os direitos que, por final, me pagavam para se verem livres de mim.

Percebe-se que a profissão de professor não é fácil, exige habilidades peculiares de quem apenas ostenta um conhecimento relevante e acima da média. É preciso humildade e alteridade, grande capacidade de comunicação e carisma, paciência extrema (seja para repetir o que já se falou, seja para lidar com os mais inusitados conflitos) e muita, mas muita mesmo, boa vontade de conhecer e de se envolver com a comunidade destinatária dos seus serviços. Pois, para tal, ainda que haja toda a boa vontade do mundo, serão exigidas do sujeito certa idoneidade e certa postura pública que não são exigidas da maioria dos cidadãos, como uma condição de castidade e de abstinência etílica, por exemplo, fora do ambiente escolar (é claro que me refiro ao ambiente externo, pois, ao interior das escolas, também concordo) que não são exigidas da maioria das profissões. Professor é encontrado e cobrado insistentemente quanto ao porre que tomou no bar, quanto à conversa mais duradoura que teve com uma aluna, quanto à boa vontade que, muitas vezes, o impele de se aproximar.

Mesmo com todos esses inconvenientes, defendo a aproximação do professor à comunidade onde ensina. Educação se estabelece nas relações humanas e não há como ela ser, de fato, efetiva e eficaz com tamanho distanciamento a que somos submetidos, seja pela falta de tempo em virtude dos baixos salários, seja pela série de acusações preconceituosas ou cobranças fúteis, ainda que inevitáveis. Só quando a gente percebe o universo de regras, costumes, sonhos e vícios de nossos alunos que conseguimos alcançar o que, de fato, os afeta ao ponto de trazer para a sala de aula, promover reflexões e dialeticamente envolvê-los com o conhecimento científico que estamos ali pra apresentar e elaborar. Não há conhecimento que atraia alunos em geral que não lhes sirva à aplicação do dia-a-dia, que não interaja com suas angústias e anseios, sob pena de alimentarmos desinteresse e evasão.
Para ficar no exemplo da minha disciplina, quando vou ao passado explicar fatos e personagens históricos, antes destes ou simultaneamente ou imediatamente depois, eu tenho a obrigação de estabelecer o quê disso sobrevive, determina, podendo ser ressignificado ou não, na sua existência contemporânea. Neste aspecto, a liberdade de conceituação do aluno, sua exposição do que entendeu, suas comparações inevitáveis com personagens e tipos da escola ou da comunidade, devem gozar de autonomia maior do que aquela que elaboramos nas nossas respectivas faculdades. Tomando as devidas precauções que possam evitar ou destituir qualquer prática de bullying ou de preconceito, o enfoque sempre precisará ser direcionado para um convívio harmônico das diferenças em bases democráticas.

Estabelecidas estas bases, nossas licenciaturas precisam mudar muito. Precisam incluir uma formação em informática básica; manuseio e atuação com multimeios; teatro para trabalhar melhor a presença de palco, a impostação de voz e os recursos de linguagem das aulas; exterminar a maior parte das burocracias desnecessárias; oficializar os estágios como aulas práticas e não como meros relatórios da aula de outrem; oferecer formação política aos professores, estimulando a identidade e a unificação de seus interesses de classe, e situando-o no contexto do Estado e das políticas públicas brasileiras no setor; promover a capacidade de interação com as comunidades em que estão inseridas as escolas para um melhor aproveitamento dialético dos costumes locais com os conhecimentos científicos e artísticos que serão trabalhados pelas disciplinas e assim agir na transformação social.
    
Assim como as leis e as bases curriculares que regem a formação do educador e a educação, de uma maneira geral, devem sofrer profundas modificações, aquelas leis que tratam das tipificações de crimes comuns também o devem, pois não é possível que o ambiente escolar esteja tão exposto à violência. E este é um outro aspecto fundamental, presente no cotidiano das escolas brasileiras, por proteções exageradas a menores que não são mais inocentes. Defendo a individualização de cada caso na abordagem das punições a menores que cometem crimes em geral e, em particular, no ambiente sagrado da escola. Não é possível mais convivermos com a idéia equivocada de tutela generalizada por idade ao menor de 18 anos que pratica crimes violentos. Ainda que haja recuperação do menor, que esta seja feita em instituição carcerária com formação e trabalho obrigatórios, por tempo longo e avaliação profícua, sem reduções ou facilidades de pena, estabelecendo-se os limites do respeito, da convivência e da finalidade das escolas regulares. Inclusão não pode ser significado de impunidade pois, se assim observado por outros, a exceção vira regra e o exemplo vira problema maior.

Um aluno que venha a causar um transtorno enorme à saúde física e mental de professores, funcionários e alunos em geral não pode permanecer naquela escola, impune, convivendo nas mesmas bases de intolerância e desrespeito, sacrificando o aprendizado e o trabalho de todos ali envolvidos. E ao sair, ao ser submetido a medidas sócio-educativas, que estas sejam sócio-educativas de fato, em instituições apropriadas em que eles terão de morar, estudar e trabalhar, sem a liberdade de ir e vir por um bom tempo. Este encaminhamento seria dado pelos professores da escola ao conselho tutelar que, pronta e preventivamente, já acionaria a polícia para encaminhar o menor  à instituição apropriada sem muitas delongas judiciais ou tentativas insanas de psicólogos de manter este estudante na escola regular, como se incluído, impune ficasse. Sabemos nós que quem arca com as inconsequências de psicologismos de fora da escola acaba sendo a própria escola, ainda mais desmoralizada e destruída pela vitória do errado sobre o certo. À escola cabe a prevenção de atrocidades desumanas por formação de consciência e resolução de divergências sanáveis ao seu limite mas nunca caberá a punição por erros cometidos de tamanha envergadura, sob pena de todo seu sentido existencial se curvar a casos que são dignos de tratamentos específicos.                   
                          
Deve existir uma rede de proteção às escolas. Guarda, patrulha ou policiamento comum, ainda que necessários, nunca substituirão o respeito que a própria comunidade deve sentir pela escola. Assim como é capaz de respeitar templos religiosos, não os depredando nem desrespeitando os sacerdotes nas suas pregações, o cidadão tem de entender que o espaço da escola também é sagrado, inviolável, com seus limites de convivência e de respeito mútuos, construída e mantida pelo bem-estar e pelo crescimento de todos os indivíduos de uma mesma comunidade. Sinto muito que, no Brasil, não ocorra esse sentimento de pertencimento coletivo do que é público e, mais ainda, sinto quando vejo os ataques a que a escola brasileira está sujeita. Para ensinarmos bem, precisamos do respaldo de governantes, das universidades, de cidadãos, da família e dos próprios alunos. Joga-se muita culpa sobre um professor que já ganha muito mal e é extremamente necessário a todas as profissões. Temos que dividir nossas responsabilidades pela educação e pelo crescimento deste país, melhorando a formação de todos. 

A todos que foram meus alunos um dia, a força de quem faz a História e não se conforma apenas em seguir o que dizem ser natural mas não é. 

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