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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
Estudante, professor e agente da História de seu tempo. Deformado pela Universidade Federal Fluminense, pela capacidade de resiliência em torno de causas justas, pela coragem e pela sinceridade. Dinâmico, espiritualista, intuitivo, libertário, imprevisível. A leitura de seus textos é recomendada a quem faz uso de covardias.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Eleições em Bocaina de Minas (MG) - Parte 2: projetos importantes para a cidade

       Continuando a série de artigos sobre as eleições municipais de 2012 em Bocaina de Minas (MG), cidade a qual sou apaixonado mas não resido atualmente, tentarei neste artigo expor alguns dos projetos que, acredito, serão de fundamental importância para o projeto de mudança significativa da cidade a partir de uma gestão que se comprometa mais com a qualidade de vida na pequena cidade  que com perseguições políticas ou desvios de verba pública para enriquecer meia-dúzia. 


         No primeiro artigo, mencionei a importância da profissionalização do serviço público em substituição ao modelo tradicional de contratações temporárias por voto de cabresto e/ou nascimento na cidade. Defendi a ideia de que mais concursos públicos limpos sejam feitos, principalmente para áreas que exijam a qualificação máxima dos serviços que deverão ser oferecidos à população. Defendi que estes servidores, por gozarem de maior estabilidade e plano de carreira decente (a ser criado também), poderão colaborar com dedicação muito maior e ainda criarão uma cultura de formação de novos servidores a partir do tempo de experiência na função. Ao mesmo tempo, ressaltei que estabilidade no serviço público é necessária para proteger o servidor de ameaças políticas, não para mantê-lo impune em casos de conduta incompatível com as responsabilidades de sua função. 


        Deixei claro que não adianta nada garantir empregos a pessoas nascidas em Bocaina, discriminando as pessoas "de fora",  se o profissional que desempenhar tal função não for o melhor para tal, se não conhecer do que faz, comprometendo a qualidade do serviço a ser prestado A TODOS OS CIDADÃOS. Se queremos mudar, temos de FORMAR melhor cada cidadão de Bocaina para que este tenha condições de assumir cargos em pé de igualdade com quem tenha qualificação necessária, seja nascido onde for. Só assim vidas serão preservadas na área da saúde, jovens terão ensino de qualidade, servidores administrativos poderão contribuir com ideias para acelerar e produzir documentos necessários ao cotidiano e às novidades que deverão ser trazidas, em termos de projetos e patrocínios, à cidade.


        É fundamental tocar nestas questões que envolvem uma tradição da nossa mentalidade política. Se o município não consegue avançar, se os piores políticos acabam sendo eleitos, é porque esta mentalidade política tradicional do jeitinho, do privilégio e da perseguição política a adversários, que nega à maioria o direito e concede apenas a aliados o favor, como se dono da prefeitura fosse o prefeito eleito, só nos têm levado a atrasos e dores, a dificuldades reais que expulsam os filhos da terra por falta de opção de sobrevivência. Isto tem que mudar e tem que ser cobrada esta mudança de todos os candidatos. Depois, a mesma coisa dos eleitos.


        Há vontade de mudar. Esta mudança não será apenas de comando, de nomes, mas de forma de administrar a cidade. Sejam os eleitos quem forem, deverão ter esse compromisso, essa cobrança insistente por parte do cidadão comum. Uma cobrança em torno da profissionalização do serviço público, de projetos e investimentos que gerem emprego e renda fora da prefeitura (pois nela nunca vai caber todo mundo que tem promessa de cargo público), de mudanças que sirvam a TODOS OS CIDADÃOS e não apenas a aliados políticos ou a nascidos na cidade. 


       É preciso oferecer a chance aos filhos e apaixonados por Bocaina de Minas, os que nos deixaram e os que ainda nos deixarão em busca de oportunidades de formação e trabalho nas cidades grandes, de voltarem ou nem irem, se assim quiserem, pois nas cidades grandes diversos outros problemas existem e afetam a qualidade de vida das pessoas. Estas vivem em grandes concentrações populacionais, stress contínuo, violência urbana ascendente, e, muitas das vezes, desejariam viver na pequena cidade em que nasceram e foram criados, naquela em que escolheram pra viver. Morrem de saudades de seus parentes e amigos. Sabem, porém, que a política municipal é a principal responsável pelo que falta à cidade, pelas perseguições que sofreram, pela decisão dolorida do afastamento.


        Neste sentido, a gestão que mudaria de fato a cidade precisaria construir a melhor escola pública possível, a oportunidade do ensino técnico e profissionalizante, até mesmo a formação superior que fosse possível (já experimentamos o ensino à distância, por exemplo). Temos de construir um teatro, um cinema, pelo menos no centro, e um espaço cultural em cada comunidade. A formação cultural passa pela escola mas é complementada por equipamentos culturais públicos capazes de oferecerem peças de teatro, espetáculos musicais, filmes nas telonas, exposições, todo tipo de arte possível. Não apenas expor, apresentar, garantir espaço à arte e aos artistas que já existem, mas também formar nossa própria arte e nossos próprios artistas, que precisam receber bem algum subsídio para serem respeitados enquanto profissionais. Isto seria gerar emprego e renda também, colaborando, ao mesmo tempo, com as reflexões que precisamos fazer a respeito da política e das relações humanas em geral. Seria construir a possibilidade de lazer e de cultura que tanto sentimos falta. Quantos não reclamam de que falta opção de lazer, cultura e diversão na cidade?


        Eu sei que parece absurdo, utópico, impossível mas não é não. Uma boa gestão municipal saberia que o governo federal, o governo estadual, órgãos internacionais e empresas privadas patrocinam iniciativas deste tipo onde elas não existem. Para tanto, a prefeitura poderia fazer contatos, escrever projetos, intermediar apoio oficial, ter vontade política de atrair o investimento para tal. Basta querer fazer, reunir e pagar bem aos profissionais que sabem fazer, assegurar estrutura a estes profissionais. Tenho certeza que, em pouco tempo, estes gerariam uma programação cultural na cidade que chamaria a atenção da população e de turistas, outro segmento que injetaria mais recursos e que já se configura vocação econômica do município, ainda que sem a organização e o planejamento necessários. 


        O mesmo pode ser alcançado na área de esportes. Observamos que nosso povo gosta muito de futebol. Sempre há uma correria dos times de cada comunidade atrás de alguma ajuda dos políticos para uniformes, bola, rede, reforma de campo, troféus, medalhas e festas de final dos campeonatos. As comunidades se organizam, fazem bolões, têm as pessoas que são referências na organização dos campeonatos. Por que não ter uma política que garanta - sem a necessidade de implorar por favor, mas sim já o tenha por direito - um orçamento próprio para estas iniciativas? Elas poderiam ser ampliadas para outras modalidades esportivas. Temos três quadras poliesportivas (Bocaina-Centro, Santo Antônio e Mirantão) construídas no mandato do Wilson Taviano e abandonadas pelo Aléssio. Elas só precisam de manutenção, um professor de educação física disponível em cada uma delas e os materiais necessários. 


       Qual é a dificuldade de promover isso? Só o roubo e a necessidade de manter as pessoas no favor do empreguismo, no inchaço de gente ganhando sem fazer nada ou sem saber fazer nada, mas ganhando um qualquer enquanto não são substituídas por outras dentro da prefeitura, de acordo com o interesse do prefeito na ocasião. Enquanto as pessoas disputam quem vai levar um tanto para si e para sua família, sabotam o trabalho das outras e tentam puxar saco do prefeito, fazer o que ele quer, para serem privilegiadas ou não serem demitidas, SÓ PERDEM achando que estão ou estarão ganhando. Assim, sempre são enganadas num momento ou no outro, ficam sem a cultura, o esporte, o posto de saúde, a escola e o emprego. E viram de lado, na esperança de que, com o outro lado político, voltarão a gozar de algum pedaço do bolo. São enganadas mais uma vez e quem enriquece e permanece no poder fazendo que quer é o político. Nossa, como somos malandros, não? Os malandros mais otários do mundo.


         Na área de preservação ambiental, temos ONGs e proprietários conscientes de um lado e proprietários que odeiam ambientalistas, o IBAMA e qualquer mudança na sua propriedade. Mesmo aquela mudança que lhe dará mais dinheiro!!! Como a prefeitura não faz nada nessa área, só faz coro à manutenção do pouco gado em grandes extensões de terra desmatadas, mal informa ou busca recursos que PATROCINAM quem preserva o meio ambiente. É claro que o proprietário não vai gostar de ter que preservar sua terra, perder o direito de desmatar para explorar o gado ou a madeira, sem receber nada em troca. Também não aceitaria isso. Agora, se tem a opção de receber MAIS do que lhe rendem o largo pasto para o gado e a madeira retirada sem manejo sustentável, por que não optaria? O que falta, neste caso, é informação e apoio estrutural de uma boa equipe de técnicos (mais uma vez, de pessoas que saibam fazer no serviço público) para buscar essas informações e repassá-las, intermediando oficialmente patrocínios, recursos e verbas específicas para o pequeno produtor rural. Em nosso município, TEMOS PESSOAS CAPACITADAS para esta tarefa. É só querer vencer preconceitos e promover a mudança. Mais uma vez, o que impediu até hoje qualquer iniciativa BOA nesta área foi a AUSÊNCIA de uma prefeitura afim, certamente movida pela mentalidade do povo quanto a pessoas "de fora" empregadas na prefeitura. Se forem boas pra nós, por que não deixá-las trabalhar??? Pra perder achando que tá ganhando? Pra continuar na mão do político e, sem alternativa, ter de deixar a cidade e ser um "de fora" na cidade grande? 


      Se bem que a cidade grande não tem problema com quem é "de fora"... se tivesse, Resende, Aparecida e São José dos Campos já teriam expulsado diversos mineiros. Em verdade, os mineiros são tratados por lá de forma igual aos nascidos, com os mesmos benefícios, as mesmas possibilidades e as mesmas dificuldades. É assim que deve ser. Somos todos irmãos (como dizem os cristãos), brasileiros (afinal estamos migrando dentro do mesmo país), seres humanos (acima de tudo, com direito à dignidade em qualquer lugar do mundo). Temos gente boa e gente ruim nascendo e morrendo todos os dias em qualquer lugar do mundo.


        Voltemos então aos nossos projetos. Se as estradas são importantíssimas para locomoção de pessoas, do leite, do queijo, do turismo, da truta, de tantas coisas importantes, elas têm que ser mantidas a qualquer custo. As estradas principais que interligam as pontas de acesso ao município e as comunidades têm que ser todas ASFALTADAS. Estou me referindo à ligação Mauá-Mirantão-Santo Antônio-trevo de Bocaina (que já conta com a estrada asfaltada até Liberdade), à estrada  Resende-Bocaina e à estrada Santo Antônio- Alagoa também. Para que outras áreas - como as de acesso a cachoeiras - continuem preservadas de forma rústica, mantendo o charme das belezas naturais, os acessos às comunidades não podem ficar por muito tempo sacrificando a população em virtude de chuvas corriqueiras, sobretudo no verão inteiro. Mantém-se a estrada de barro na maior parte, asfaltam-se apenas os acessos entre povoados. Este é um projeto para gestões consecutivas, não para apenas uma gestão de 4 anos. A primeira tem que priorizar a captação de recursos e o começo da grande obra. Os trechos internos que ligariam a estradas já asfaltadas (como a de Mauá e a de Liberdade) já promoveriam grandes mudanças. Empregos durante as obras, empregos a mais e redução de custos às atividades econômicas agropecuárias, empregos e injeção de recursos pelo fluxo turístico em todas as atividades. Isto é possível. Além de reduzir o número de mortes ou complicações de saúde por pessoas que, acidentadas ou doentes, tiveram dificuldades de serem transportadas até o atendimento médico necessário.


       Antes mesmo do asfaltamento, ainda com as estradas que temos, a manutenção deve ocorrer ao mesmo tempo que seja assegurado pela prefeitura ônibus gratuitos e/ou baratos, em perfeito estado de conservação, para o transporte público das pessoas entre os povoados, o Centro da cidade e, se possível, Aiuruoca passando por Liberdade. Por que estas duas cidades? Porque nelas estão advogados, delegacia de polícia, fórum e hospital de modalidades  complexas mais próximos. Nosso povo tem que ter acesso a isto sem precisar recorrer a caronas, obviamente muito bem-vindas e expressão de gentileza a qual somos muito gratos, mas que não suprem as necessidades dos mais pobres no cotidiano das necessidades. Atualmente, utilizamos caronas em veículos públicos não destinados a isto, em veículos particulares ou, simplesmente, temos de esperar as próximas eleições para que os políticos disponibilizem, em apenas um mês antes das eleições, a gentileza de vários carros à disposição para o favor-agrado do eleitor. Nos outros 2 anos seguintes, estes carros somem e só reaparecem quando interessa aos candidatos. Transporte público não pode ser moeda de barganha eleitoral ou favor eterno e exclusivo, mesmo de particulares gentis. Tem que ser oferecido permanentemente e ter o compromisso de chegar ao destino no horário de outro que faça trajeto dali em diante, como o caso do ônibus da empresa Transmatur, que faz transporte de Bocaina até Resende mas que sai e retorna apenas uma vez por dia, levando o morador da área rural a perdê-lo se não encontrar carona a tempo.


        Continuarei tratando dos projetos de mudança para Bocaina de Minas nos próximos artigos. Em tempo oportuno, identificarei claramente meu apoio a candidatos que se comprometerem minimamente com estas propostas e tiverem trajetória política e alianças atuais condizentes com esta forma de governar. Vamos juntos superar nossos problemas e construir a Bocaina que tanto precisamos. Para tanto, é preciso ter projeto, passado e presente à altura, profissionalizar o serviço público, formar mais pessoas capacitadas, buscar onde puder os recursos e os apoios, derrubar esta tragédia política que nos governa há tantos anos na base da ganância e da humilhação. Abraço pra todos!                          


               


           


                  

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